segunda-feira, 10 de novembro de 2008

[Sem Título]

Saía cedo para a sua batalha particular: de porta em porta, com quilos de papel na mão,sendo distribuído para pessoas que não se importavam com nada nem com ninguém.

Dezoito anos. Essa era a idade de uma mulher com corpo de menina e atitude de gente grande. Em uma cidade estranha, gente desconhecida, ela foi à luta encontrar se lugar no mundo. Cheia de personalidade, produzida de forma careta, andava em ruas de paralelepípedo em cima de um salto 15 de forma engraçada e desengonçada, mas ela não estava nem aí. O que ela queria era alcançar seu objetivo e era muito boa nisso, não perdia o foco nem se deixava derrotar no primeiro não! Mas dos dias foram passando, as semanas, os meses... e nada! Nem uma ligação para satisfazer sua ansiedade.

Já estava entregando os pontos. Não tinha mais força para lutar, não tinha mais força para desistir. Imaginava que estava velha para o que queria, se passasse mais um ano ninguém a contrataria para o primeiro emprego. Hoje em dia, as empresas querem mão-de-obra barata com conhecimento e experiência de sobra e ela não preenchia os pré requisitos. Todos cobravam um emprego estável dela, que sempre dizia estar encaminhado, mas não era verdade. Desesperada, chorava durante horas antes de dormir, afinal, madrugava nas portas das empresas e NADA de uma oportunidade. Porque a única coisa que ela queria era uma chance de mostrar que era capaz.

O tempo foi passando... passando... passando... e a falta de notícia mostrava que ela era uma desafortunada. Ela estava desolada demais, acabada demais, vazia demais pra agüentar outro não. Porém, um dia a sorte sorriu para esta jovem traumatizada pela vida. Uma oportunidade surgiu, e junto com ela a certeza de que dias melhores virão. Afinal, ela finalmente conseguiu alcançar seu sonho.


PS: Consegui um emprego! ;)

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

[Vícios de um mundo vicioso]

Somos o topo da cadeia alimentar. E isso foi sendo conquistado ao longo de milhões de anos. Entretanto, como todos os animais, temos 3 necessidades básicas: comer, dormir e fazer sexo. Sem isso o ser humano não vive, afinal, estes são os hábitos mais primitivos de uma raça que se diz evoluída.

Claro que essa constatação é um pouco relativa visto de outro ponto de vista. Cada um tem a sua opinião. Voltando ao ponto principal, com o passar do tempo, o homem foi aprendendo a abdicar de alguma dessas necessidades quando se fez preciso, assim como adquiriu outras. Cada ser humano, a seu modo, incorporou uma atividade, um aparelho tecnológico ou até mesmo uma acessório como sendo de necessidade básica. Jogar e assistir futebol aos domingos, hoje em dia, virou uma necessidade básica na vida do homem. Carregar uma bolsa imensa levando a casa dentro, virou uma necessidade para a mulher. Ter um celular, um computador, um microondas e até mesmo uma televisão virou necessidade básica.

Falando em Televisão... ela vem se modernizando cada dia mais. Daqui a pouco, aquela caixona pretaque hoje virou caixinha, cada dia maior e mais fina, estará mais moderna que o mundo. Eu já vi uma TV que é da densidade e do tamanho de uma folha de papel. Sem contar que hoje em dia, tudo que é falado através da TVé lei. Se um médico aparece em um programa dizendo que comer beterraba com morando e coração de galinha faz bem pro pâncreas, então no dia seguinte as pessoas estão loucas no mercando comprando quilos e quilos dessas coisas. Se aparece alguém na TV com o cabelo verde com mechas laranjas, no dia seguinte todos estão no salão de beleza fazendo igual. Claro que estou generalizando, e sendo um pouco sarcástica também. Afinal, a televisão ditou uma moda que não cai bem com o meu corpinho fora de forma. Eu não sou loira de olhos azuis e tenho muito orgulho disso. Gosto de ser diferente, fora dos padrões.

Resumindo: a TV nos viciou num tipo de mundo que só existe dentro daquela caixinha preta! Quando eu saio na rua, eu não vejo modelos maravilhosas desfilando em ruas de paralelepípedo em cima de um salto 15. O que eu vejo são pessoas normais, lindas, que são do jeito que são. Isso sem contar na programação repetitiva, nos noticiários cansativos [com a Fátima Bernardes com a mesma cara de paisagem e o Boris CAsoi sem a dentadura dele], as novelas da Globo sempre com as mesmas histórias e as da Record sem sentido algum. O mais triste disso tudo é que as pessoas, conformistas como são, aceitam tudo que é passado na televisão!

E como dizia o poeta Anitelli: "Enquanto pessoas perguntam porquê,
Outras pessoas perguntam porque não
Até porque não acredito no que é dito, no que é visto
Ter acesso é poder e o poder é a informação.
Qualquer palavra satisfaz a garota e o rapaz
E a paz, quem traz, tanto faz
O valor é temporário, o amor é imaginário
A festa e o perjúrio
O minuto de silêncio
É o minuto reservado de murmúrio
De anestesia
O sistema é nervoso e te acalma com a programação do dia
Com a narrativa
A vida ingrata de quem acha que é notícia
De quem acha que é momento
Na tua tela
Quer ensinar uma nação que não tem ovo na panela
Que não tem gesto
Quem tem medo assimila
Toda forma de expressão como protesto!

[Xanéu n°5 - O Teatro Mágico]

sábado, 1 de novembro de 2008

I Don´t Know

Queria poder fazer tanta coisa! Só pra começar, eu queria mudar o mundo. Colocar tudo no seu devido lugar. Queria que todos os problemas de todos os países fossem resolvido, desde a precariedade do nordeste brasileiro até a desnutrição da Etiópia, passando pela guerra do Iraque e a crise financeira que o mundo está vivendo atualmente.

Queria assistir a todos os filmes que estão em cartaz no cinema e passar o dia inteiro comendo pipoca com manteiga...

Queria ter tempo de assistir aos espetáculos em todos os teatros do mundo e poder respirar e transpirar cultura.

Queria ouvir todas as músicas do mundo...

Queria ter saído mais com os amigos e ter conversado mais sobre coisas sem sentido.

Queria ter me arrependido menos e ter me arriscado mais no amor.

Queria ser menos emotiva, menos manteiga derretida, e queria poder chorar menos ao assistir um filme romântico!

Queria poder fazer mais abdominal ao ouvir uma piada e ficar sem fôlego de tanto dar risada.

Queria me preocupar menos com os outros e mais comigo.

Queria, pelo menos uma vez, ser levada a sério.

Queria expressar minha opinião sobre diversos assuntos, e discutir política e filosofia com os meus amigos.

Queria achar o meu lugar no mundo.

Queria comer pizza todo dia.

Passar mais tempo no shopping e voltar a observar mais as pessoas.

Eu queria muito, muito mesmo, poder fazer o que eu gosto e o que eu quiser!


Atenciosamente,
EU!